A revista Vejinha publicou uma crônica que achei muito interessante. E me fez pensar muito sobre o que acontece com as famílias.. e, principalmente, sobre a questão: "Ué, se tais irmãos foram educados da mesma forma, por que são tão diferentes?". Publico aqui a crônica "Bullyng na Família", de Walcyr Carrasco, e o convido a mais uma de minhas reflexões...

Bullyng na família (Walcyr Carrasco)

Certa vez, quando dei uma palestra na Zona Leste da cidade, uma senhora me falou sobre seus dois filhos. Segundo afirmou, o primeiro era mais inteligente.
— Tenho preferência por ele, sim. Seria mentira dizer que não.


A conversa me provocou uma sensação desagradável. Pensei na vida do caçula. Qual seria seu sentimento, ao perceber que a mãe prefere o mais velho? Sou escritor. Imaginei os gestos do cotidiano: reprimendas mais fortes; presentes piores no aniversário ou Natal e talvez até comentários desdenhosos. Tomei consciência de que isso acontece muito mais do que se comenta. Fala-se muito de bullying. Livros abordam violências verbais e até agressões físicas que ocorrem nas escolas. O ataque costuma ser dirigido a quem é de alguma maneira diferente: os gordinhos, os maus esportistas, os nerds, os mais pobres, entre outros. Até um sotaque pode induzir os valentões da turma à chacota. Submetidas a uma pressão constante, as vítimas muitas vezes se rebelam. E dentro da família?


Um amigo passou a infância perseguido pelo irmão mais velho. Tudo era motivo para zombaria e até ataques físicos. A mãe, ausente, não punia o agressor. Hoje os irmãos têm uma relação distante, mal se falam. Agora a mãe se lamenta. Não entende por que os filhos não se dão bem.

— Meu irmão foi meu pior inimigo! Como posso gostar dele agora? — ouvi o mais novo dizer.

A agressão pode se voltar contra um dos pais. Soube de um vizinho que gritava com o pai e o ameaçava por qualquer pretexto porque tinha pouco dinheiro. Não usava drogas. O velho, frágil, não conseguia enfrentá-lo.

— Você é um incapaz — dizia o filho. — Nunca soube ganhar dinheiro!

Muitas vezes a própria mãe cria a situação. Uma figura da sociedade, magra e bem vestida, parece esconder sua filha, que é gorda. A garota nunca é vista em companhia da mãe nas festas que ela costuma frequentar. Em represália, veste-se de maneira relaxada. Mal penteia os cabelos.

— Minha mãe tem vergonha de mim! — já desabafou.

É difícil tocar nesse assunto. Cada família possui uma dinâmica diferente. Nem sempre as situações são evidentes, mas o atingido percebe o desprezo. Ou a comparação. É comum uma criança de olhos azuis ser coberta de elogios. Ninguém fala do irmão de olhos castanhos. Só a mãe pode ajudar, valorizando os dois.

Ou então um dos membros perde o emprego. A família passa a humilhá-lo.

— Não vou sustentar vagabundo! — certa vez ouvi a irmã, secretária, ameaçar o irmão.

Se é difícil encontrar trabalho, a agressão aumenta. E a pessoa deprimida tem mais dificuldade ainda. Perde o prumo.

Pais inventam sonhos para os filhos. Desejam que se tornem bem-sucedidos, talvez famosos. Já vi homem com bebê no colo garantir:

— Este aqui vai ser jogador da seleção. E ganhar a Copa!

O bebê sorri, sem saber da cilada. Pode ter pendor para a informática. Talvez nunca seja um craque. Passará horas diante da telinha.

Também já vi pai reclamar:
— Sai do computador, moleque! Vai jogar futebol!

O filho passa a ser constrangido. Pressionado. Conheci pessoas inteligentes totalmente desestruturadas, incapazes de se dedicar a uma profissão, por falta de apoio familiar.

Muitas vezes, o que parecem ser gestos de amor, de incentivo, são ameaças porque o filho ou irmão não segue um padrão. É difícil, mas cada família deve abrir sua caixa-preta. Adquirir a coragem de encarar suas falhas. E aprender a trocar a agressão pelo abraço.

Estava navegando em um site, quando me deparei com esta foto.
Pedi autorização ao dono da mesma, que gentilmente permitiu que eu a postasse no blog.

Afinal, não tinha como não postá-la e não compartilhar aqui o sentimento de calma, tranquilidade e de reflexão que a foto me transmite. Parece um convite para nos aquietarmos um pouco em meio à rotina caótica em que vivemos e perguntarmos à nossa alma: você está feliz? O que falta para conquistar os seus objetivos?

E é somente em um momento assim - em que estamos a sós com a natureza - que permitimos um contato mais profundo com o nosso eu interior. Muitas pessoas vão pensar que estou ficando louca ao falar do nosso 'eu'. Mas, será que você se conhece o suficiente para saber exatamente como seus sentimentos reagem diante de fatos da vida? Para tentar descobrir a resposta, vá para um lugar lindo como esse da foto, acalme sua mente e tente ouvir a voz que vem do seu coração.

Pois é somente por meio do nossos sentimentos puros - de amor e bondade - que conseguimos nos conectar com o nosso "eu". E olha que não é nada fácil essa sincronia, porque muitas vezes damos mais poder àquelas vozes que vêm da nossa mente - preocupação, razão - e que encobrem o que a nossa alma está dizendo. Consequentemente vamos vivendo na inércia, sem objetivos, sem motivações, de forma totalmente apática e sem sentido. E é o que mais vejo por aí. Pessoas que vivem de acordo com a onda do momento: seja curtindo a vida sem responsabilidades, seja fazendo o mal aos outros em prol do seu próprio bem. E nisso tudo eu pergunto: onde está a essência de cada um? Onde estão os valores trazidos pela profundidade do ser, chamada de alma?

Hoje foi um daqueles dias que a gente tem vontade de fazer o que acontece no filme "Um dia de fúria". Eu ainda não o assisti, mas só de ver a sinopse, já dá pra notar que a ideia é sensacional. Afinal, quem nunca sentiu vontade de esganar aquela pessoa que nos atendeu de forma grossa e estúpida ou um cliente que nos liga a cada 5 minutos para reclamar de coisas mínimas? Pois bem, o meu dia de fúria foi hoje.

O dia começou com certas complicações com o escritório que faz a contabilidade da minha irrisória empresa. O responsável por me atender, grosso como só ele, não queria explicar minhas dúvidas e de forma estúpida dava aquelas respostas bem curtas, para eu não perguntar mais nada. Ele seria a primeira pessoa que eu fuzilaria, se estivesse no papel principal do filme. A minha indignação passou a uma reflexão um tanto maior, de como viver neste país tem sido uma batalha árdua. Árdua não seria bem a palavra, mas, mais do que isso, eu diria que viver no Brasil é extremamente irritante quando se trabalha no mundo da comunicação (jornalismo, marketing, RP). Neste meio, a grande maioria das empresas exige que os profissionais sejam PJ. E aí começa o grande caos! Nós entendemos de comunicação e não de contabilidade. Caso contrário, não teríamos que contratar pessoas - medíocres, diga-se de passagem - para fazer a contabilidade da nossa micro-minúscula empresa.
Abrimos empresa não porque temos vocação empresarial. Aliás, muito longe disso. Abrimos porque temos que seguir as regras do jogo ou simplesmente estamos fora dele.

E abrir empresa significa gastos e mais gastos, que não são compatíveis com o salário da área. Para piorar, sem orientação, acabamos não conseguindo nos adaptar e nos regularizar. E este é o meu caso. Eu estou há um tempo tentando entender como fazer minhas obrigações contábeis, sem muito sucesso para compreender esse monstro imenso que essa questão se tornou pra mim. São taxas, tributos e impostos que surgem do nada, como espinha no nariz em dia da melhor festa de todos os tempos."Então por que você não muda de escritório de contabilidade?", perguntariam as pessoas. Infelizmente, uma diferença de R$100,00 a R$200,00 no pagamento mensal da contabilidade pesa quando se é PJ e não se tem benefício nenhum, como vale-transporte, alimentação ou 13 salário. E aí as pessoas responderiam: "Ah, então não há opção e você nem tem que ficar reclamando. Tem que aceitar e tentar se informar".

Pois é, não tenho mesmo saída e isso me deixa extremamente irada com o "esquema PJ". Não tenho muito como mudar a situação, mas escrever me ajuda um pouco a colocar essa revolta pra fora, em um dia totalmente de fúria!!

Seguidores