Neste final de semana passei por uma experiência interessante. Trabalhei 3 dias em um acampamento católico, no interior de São Paulo. Logo que cheguei, fiquei impressionada com a imensidão da coisa: mais de 100 mil pessoas no local. Eram caravanas e mais caravanas que não paravam de chegar. Pessoas de diversas idades e de diferentes regiões do país. E até mesmo de outros países.

Grupos de amigos, grupos de famílias. E todos movidos por um único ideal: o aprendizado e a aproximação a Deus para viverem uma vida mais santa. Eu fiquei ali, observando todos e tudo. E as cenas das pregações realmente me impressionaram demais: um local imenso, como se fosse um ginásio coberto, lotado de gente. Muitos jovens, que ficavam ali por, no mínimo, duas horas ouvindo a pregação de apenas uma pessoa. Claro, uma pregação com muita música para manter a atenção das tantas milhares de pessoas ali no local.
Pessoas louvando e adorando Deus, chorando, emocionadas por estarem ali.

Não sou católica, não tenho religião. Costumo dizer que a minha religião é a que eu criei para mim - conheci diversas e, de cada uma, tirei o que foi positivo para a minha vida. Porém, não posso negar que nesse acampamento uma energia muito forte emanava ali do local. E, mesmo sem querer, foi se infiltrando na alma de todos que ali estavam presentes.

Senti uma emoção que não sei explicar. Por divesas vezes engoli o choro. Olhei para os lados para não deixar as lágrimas caírem. Afinal, estava a trabalho e tinha que manter minha postura. Mas foi difícil não  me envolver diante de cenas que nunca tinha visto: jovens abraçando os missionários, ouvindo uma linguagem "dos anjos" e caindo aos prantos. Meninos adolescentes, com aquela cara de badboy, não seguravam a emoção e choravam de verdade, feito crianças. Como se fosse um momento único de lavar a alma e, claro, o coração.

Tá certo que não posso ver ninguém chorar na minha frente que eu não aguento. Mas ver tanta determinação nesses jovens, saber que estavam ali por um ideal e que, sem se preocupar com ninguém, deixavam suas emoções se manifestarem, realmente mexeu comigo. À noite, a chácara permanecia lotada de gente, porque a programação era bem diversificada: shows de cantores católicos, campeonatos de hiphop, luau. Eu não consegui participar das atividades noturnas, porque tinha que dormir para enfrentar o dia seguinte de trabalho com a imprensa. Mas, durante as noites que caminhei na chácara, ora pra comer algo de janta, ou apenas andando antes de voltar pra casa onde eu estava hospedada, posso dizer que eu não estava sozinha.
Não sei explicar o que e quem estava comigo. Não sei dizer se era realmente Deus. Mas só sei dizer que a força daquele lugar era muito forte.. um local repleto de imagens gigantes de Nossa Senhora ou de Jesus, que, à noite, ficavam iluminadas. Era muito bonito de ver e parecia que as imagens falavam comigo. Como se me disessem: calma, estamos aqui com você, não se sinta só.

Refleti sobre várias coisas da minha vida. Senti falta de ter gente para conversar comigo e dividir as experiências que estava passando ali (afinal, depois do trabalho, cada um da equipe se retirava. Eu, para a casa onde estava hospedada. Os outros, para suas casas, na cidade). Senti vontade de chorar, mas segurei. Hoje, na hora de ir embora, uma das pessoas da equipe me falou que "Deus havia me escolhido" para ir para o evento trabalhar, que um propósito Ele tinha comigo. Concordei, agradeci e me retirei rapidamente, com medo de não conseguir segurar as lágrimas a tempo. O motivo de eu ter vivido essa experiência, ainda estou por descobrir. Mas que algo mudou dentro de mim, isso com certeza.

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